quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Peter Webb conta sobre energia, sementes e reflorestamento


Peter Webb, australiano formado em agricultura biodinâmica na Inglaterra, mora há 27 anos no Brasil à procura da abundância, exuberância e pluralidade oferecidas por nossa natureza. Pete, como gosta de ser chamado, morou os primeiros anos de sua vida nas montanhas Andinas além de quatorze anos de uma vida solitária e autossustentável em Matutu, Sul de Minas Gerais. “Sou sonhador e realizador” afirma.
Durante sua moradia em Matutu, obteve contato sensível com a natureza, o que não é possível na cidade, decidiu então que deveria compartilhar estes conhecimentos com outros agrônomos e interessados. “A sociedade em que vivemos é individualista, quando como seres sociais, deveríamos manter-nos em contato” diz Pete, e complementa “temos uma visão simplista do ser humano. Aprendemos na escola tudo de forma classificada e racional, quadrada. No entanto, na vida tudo interage 24 horas por dia, e assim não podemos racionalizar”. De início, deve haver auto reconhecimento, e compreensão de que as mudanças fazem parte da natureza humana. Segundo Pete, essa busca pela verdade sobre si envolve felicidade e bem estar.
A ecopsicologia desenvolvida pelo agricultor no Sítio Vida de Clara Luz, em Itapevi, considera que nossa espécie age dentro de um palco montado, onde o planeta ensaia antes do ser humano. “A natureza é super talentosa e cheia de identidade. É o plano de fundo para o palco da vida”. Super talentosos também são os seres humanos, para Pete cada indivíduo tem sua identidade que vive em constante mudança, como a água que passa e energeticamente carregada e leva informações, como livros.
Como trabalho fixo Peter Webb faz o reflorestamento em uma pedreira na zona oeste de São Paulo. As árvores são plantadas em pontos onde o solo é mais poderoso energeticamente. Pete conta que anda com varetas e pêndulos para encontrá-los, mas que antigamente não era preciso, os pontos energeticamente fortes eram facilmente identificados por qualquer indivíduo. “Antes estes pontos eram onde os caminhos se cruzavam. Onde havia a troca de informações, a conversa, onde havia um banquinho e as pessoas passavam horas trocando experiências” relata. A igreja percebeu isso a muitos anos, as grandes catedrais, mais especificamente os altares, são construídos nestes encontros.
A relação do brasileiro com a Austrália é muito boa, muitos brasileiros se mudam em busca de melhores condições de vida. Para isso Pete também tem uma explicação. “O Brasil é um país regido pela água e pelo ar, portanto, aqui tudo é muito volúvel e está em constante mudança. A Austrália, no entanto, é um país de terra e fogo, o que o faz um país de realizações matérias, concretas”.
Filho de jornalista Pete ressalta a importância do ‘espaço entre as palavras’, aquele momento em que podemos ser criativos e usar nossa imaginação para sair do simples ‘ser’ e participar da história. “Gosto da expressão bomba de sementes, não me refiro somente àquelas plantadas, que um dia germinaram uma linda planta, mas as sementes de ideias, que levam ao questionamento, o despertar” e continua “vejo zumbis nas ruas, cada um no seu smartphone. Todos perderam a sensibilidade”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário