quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A mídia de controle


O controle da mídia e de grandes instituições sobre a população foi muito discutido com o começo das manifestações, que visavam, a princípio,  a diminuição da tarifa do transporte público. Estas manifestações tomaram conta do país e agregaram causas que sempre estiveram presentes na vida da população brasileira como a precariedade do sistema de saúde, educação e moradia.
A internet foi grande aliada dos manifestantes, mostrando desde o começo a verdade sobre tudo o que estava acontecendo, além de ajudar na organização e reunião para que houvessem atos realmente significativos. A grande mídia demorou mas sentiu-se obrigada a mostrar a verdade, quando foi ameaçada de boicote. Para entender melhor a domínio de poucas empresas e a influencia da mídia na opinião pública devemos retornar ao início do que chamamos de esfera pública e ao surgimento da indústria cultural.
A esfera pública surgiu mediante a um Estado que tinha o poder dominante sobre a sociedade e estava ancorada ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e ao desenvolvimento da imprensa. Antes deste nascimento somente o clero e poucos homens eram capazes de questionar e criticar, pois o acesso a obras literárias e filosóficas era reduzido. Com a criação da imprensa os livros começam a integrar o espaço público que se torna espaço de democratização e de circulação de conhecimentos, submetendo o interesse privado ao interesse público.
O jornal identifica o interesse público e deixa evidente a hierarquia da sociedade ligada ao conhecimento, o espaço público torna-se mais dinâmico, mas torna-se também refém dos poderes da mídia. Quando há o surgimento da imprensa, ainda são poucos os homens que sabem ler, porém estes passam aos outros as informações lidas e há um maior convencimento da população mais “simples” com o diálogo do que com as notícias impressas propriamente ditas (assim como nas manifestações alguns grupos convenceram outros de que seria certo lutar por seus ideais). No entanto a midiatização, propagandas políticas e econômicas, levam a esfera pública a uma queda, anulando o tempo e o espaço de reflexão.
O surgimento dessa esfera tem caráter emancipatório da burguesia que procura combater a desigualdade gerada pelo sistema capitalista. Nesse contexto, com o intuito de evitar possíveis revoltas, o Estado passa a atender as reivindicações da burguesia, através de proteção e legislação e de instituições como escolas e igrejas (que dividem o dever do Estado para com a população, deixando cada divisão com um pouco do peso) dividindo a esfera privada.
A “indústria cultural”, que surge com o aparecimento do capitalismo e com a revolução industrial no séc. XVIII, tem como base o consumo e transformação de arte em mercadoria (um vaso produzido por um artesão, por exemplo, agora é produzido por máquinas e por várias pessoas, cada qual especializada em uma parte do processo, aumentando a produção) esta nova “indústria” seduz a sociedade a partir de propagandas que promovem a ideia de que só é feliz quem tem a mercadoria (por exemplo a Coca-Cola que tem como chamada “abra a felicidade você também”, vendendo não o produto mas o sentimento). Esse mecanismo de controle torna a população passiva e incapaz de escolher por si própria, dita o modo de vida, a roupa, a comida. A comunicação passa de horizontal para vertical, agora é influenciada pelo Estado, pelo capital e pela comunicação social o que é essencial para que haja manipulação. Isso não quer dizer que a população aceita ser controlada, mas se conforma com isso.

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